Na noite desta quinta, 4, moradores e moradoras da Cidade Velha reuniram-se no Centro Social São João Paulo II para conhecer detalhes do Projeto de Pré-Carnaval 2018, apresentado pela Liga dos Blocos da Cidade Velha, a fim de avaliar seus impactos, tanto sobre o Patrimônio Histórico e Cultural da área, quanto sobre a vida das pessoas que nela residem.
A reunião teve como objetivo possibilitar que os representantes dos blocos esclarecessem as mudanças do evento, em relação ao ano anterior, bem como tirar dúvidas, receber reclamações e propostas de ajustes formuladas pela comunidade. Representantes dos órgãos de Segurança estiveram presentes à reunião apoiada pelo Centro Social São João Paulo II, entidade ligada à Catedral de Belém.
A iniciativa é da Rede de Cooperação pela Segurança e Sustentabilidade – RCS2, uma articulação de pessoas físicas e jurídicas, que colabora com o policiamento comunitário realizado pela Polícia Militar no bairro, além de estimular a cooperação dos seus integrantes entre si e com o Poder Público para o desenvolvimento sustentável da Cidade Velha. A RCS2 recebe respectivamente o apoio técnico e logístico do Observatório Social de Belém e de um micro empreendimento social instalado na área, que fomenta a cooperação no bairro, por meio de eventos cívicos.
Após as boas vindas dadas pelo Cura da Sé e presidente do Centro Social São João Paulo II ,Cônego Roberto Cavalli, o presidente do Observatório Social de Belém, Ivan Costa, apresentou a programação da reunião, onde a Liga iniciaria expondo o Projeto e responderia, em seguida, às questões levantadas previamente com pessoas que não puderam participar e àquelas formuladas pelos presentes.
Fabiano Scherer, representante da Liga, apresentou as principais mudanças no Pré-Carnaval, em relação ao ano passado, tais como: utilização de “minitrios elétricos” adequados às ruas históricas; ações preventivas de trânsito; estacionamento privativo para moradores, durante o desfile dos blocos; aumento do número de seguranças e banheiros químicos; encerramento às 18h30m, resguardo das missas, dentre outras.
A lista abaixo apresenta uma síntese dos impactos decorrentes do atual modelo de pré-Carnaval com as respectivas respostas da Liga:
Poluição sonora: não haverá, uma vez que os desfiles contarão exclusivamente com “minitrios elétricos” licenciados e fiscalizados pelos órgãos competentes;
Sujeira após o evento: após o evento, catadores recolherão os materiais recicláveis e a SESAN entrará com a varrição. A lavagem das calçadas e das bases das casas com substâncias perfumadas será feita à noite ou pela manhã;
Redução ou Perda do faturamento de negócios que trabalham com público que não frequentam o Pré-Carnaval: segundo a Liga, os negócios tendem a se adequar à dinâmica tradicional dos bairros, onde estão instalados e o evento gera um significativo número de empregos, ocupações e renda;
Riscos de não atendimento de socorro a moradores, especialmente idosos: além da presença da Defesa Civil, o evento contará com maqueiros que se deslocarão para atendimentos emergenciais de socorro, levando-os a ambulâncias que estarão no local;
Retiradas de veículos estacionados nas ruas do corredor da folia, durante o desfile: os moradores dessas ruas contarão com estacionamento privativo, aos fundos do Palácio Antônio Lemos, durante o período, bastando apresentar comprovante de residência para ter acesso.
Excesso de dias, uma vez que os eventos abrangem cinco finais de semana consecutivos, comprometendo a rotina de descanso do bairro: a Liga não se pronunciou sobre o assunto;
Danos a propriedades particulares (urina e destruição de bens), violência, ameaças, assédio sexual e atos libidinosos nas vias públicas: a Liga disponibilizará gerentes para acompanhamento desses casos em conjunto com os órgãos competentes.
Após as respostas apresentadas, o representante da Liga, Fabiano Scherer, comprometeu-se a enviar complementação a outras, ressaltou que todo o processo de licenciamento do evento foi acompanhado pelos órgãos competentes, pela Catedral e pelas associações de Cidade Velha, Cidade Viva e Associação de Moradores e Amigos da Cidade Velha, além da entidade representativa dos trabalhadores informais do Beco do Carmo e parabenizou a reunião por colaborar na comunicação com os moradores que não tiveram acesso aos detalhes do novo projeto.
Ao final, o Tenente-Coronel Artur, representante da SEGUP, informou que os órgãos de defesa social atuaram de forma bastante criteriosa com o processo de autorização do evento, que contou com moradores do bairro, articuladas pelas associações já mencionadas.
Dentre diversos pontos anotados, o representante da SEGUP ressaltou a inovação da concessão semanal de alvarás por blocos, facilitando a suspensão do evento, caso haja descumprimento do que foi acordado, aumentando assim, a responsabilidade solidária dos integrantes da Liga e oportunizando aos moradores a contínua apresentação de denúncias e novos argumentos contra o modelo de evento e local apresentados, concluindo com um convite para que estes possam participar das reuniões semanais de avaliação a serem realizadas naquela Secretaria.
Ficou estabelecido que a Liga indicará interlocutores para integrarem os grupos de comunicação virtual da RCS2, bem como participará de reunião semanal de avaliação com moradores do bairro que apresentarão registros documentados de eventuais problemas decorrentes do evento, sem prejuízo de revisão da realização do local em outros áreas indicadas como o Portal da Amazônia e a Avenida Tamandaré.
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